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domingo, fevereiro 27, 2011

O Testamento da lagartixa


Eu queria uma casa com paredes recheadas de pregos.
Eu queria uma casa construída com as lembranças.
Eu queria um labirinto com paredes cheias de pregos para ali me perder.
Eu queria uma caixinha para guardar as gravuras que tenho ampliadas na minha mente.
Eu queria um flash perto dos meus olhos para clarear tudo o que eu vejo.
Eu queria um poço para buscar as minhas lágrimas com balde e metros de corda.
Eu queria ver lembretes de você em cada fração de olhar.
Eu queria tanto
Eu queria sim
Eu queria.

Prego não machuca, não é espinho. É apoio. Segura quadros
(imagens, gravuras, lembranças, sonhos, recortes, desenhos, carvão, papel, tesoura, pedra)
Prego me faz perder o chão. Me deixa no alto. Ilumina. Decora. Descobre.
Prego não é flash, poço, olhar.
Prego é Balde.
É ápice.

Ahhhh como eu queria pregos na parede que eu pintei para homenagear a página que você ajudou a construir naquele livro meu da vida. É domingo e a rua do comércio está parada, as portas cerradas e eu ali intacta, muda e nula. Volto para casa sem pregos na mão. Sem nada no chão.
A parede que eu vejo continua sem pregos. Meu corpo forma um paralelo de referência e a sombra marca o reflexo da luz...sim, estou de pé diante o vazio deste amontoado de tijolo e tinta limpa.
Fecho os olhos e o reflexo que vejo vira filme. É preto e branco ainda. Bonita história para prêmio master de curta-metragem. Meados de conquista ao findar do desejo. Desânimo, sensibilidade usada para expressar o Não.
Intensidade no prazer, suavidade no caminhar, saudade no verbo, erro na longitude, pecado de amplitude.
Foi assim...como num pé de valsa, a dança mais bela já vista. Na cabeça, talvez o tango...a tal da quimera. Nem lá nem aqui sei expressar o que sinto não viver.
Eis o agora sendo intenso. Para o amanhã basta os problemas próprios do que será.
Frase última...perfeita para quem não soube desenhar a clareza.
Perdi o que era plano.
Plano que são traçados, traços, desenho.
Palavras sem encaixe
Encaixe perfeito pra mim
Escravos do tempo
O medo.


Eu fui.

Você...

Não mais...


Aqui.


Eu queria.

[Confesso]


Escrito por: Louise Moreira

Ao som de: Sweet Destiny - Sister Hazel
Degustando: Suco de maçã c/ malboro light



by Louise às 4:19 PM 0 Comente aqui